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Química Tecnológica

Curso de Graduação em Química Tecnológica

CEFET-MG

Pesquisa usa substâncias de garrafas PET na descontaminação do petróleo

Terça-feira, 2 de fevereiro de 2021
Última modificação: Terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Experimentos desenvolvidos no Mestrado em Química alcançam 92% de remoção de elementos contaminantes do petróleo, causadores de problemas ambientais

Em 25 anos, a demanda global por petróleo e derivados deve aumentar 28%, caso as políticas energéticas atuais permaneçam intactas. No entanto, as fontes de petróleo estão cada vez mais escassas. Paralelo a isso, em 2016, apenas 18% dos resíduos sólidos urbanos (metais, papéis, plásticos e vidros) gerados no Brasil foram reciclados*.

Mas você deve se perguntar: o que esses dados têm em comum? As garrafas PET, descartadas em lixos domésticos em todo mundo. Os seus componentes químicos (ácido tereftálico e o monoetileno glicol) foram testados como descontaminantes do petróleo pela pesquisadora Nathália Rodrigues de Oliveira, no Programa de Pós-Graduação Multicêntrico em Química de Minas Gerais.

Orientada pela professora do Departamento de Química do CEFET-MG, Raquel Mambrini, Nathália sintetizou, em laboratório, um novo material (catalisador) capaz de remover substâncias contaminantes do petróleo, como o enxofre, o nitrogênio, o oxigênio e alguns metais. “Esses contaminantes trazem uma série de inconvenientes, tanto durante o processamento do petróleo, quanto na utilização final de seus derivados (gasolina, querosene e diesel, por exemplo), como corrosão de materiais, instabilidade térmica, envenenamento de catalisadores, emissão de gases poluentes – causadores da chuva ácida -, durante o processo de combustão, entre outros”, explica a pesquisadora.

Esse tipo de método, por exemplo, é uma alternativa para as refinarias do mundo, que não estão preparadas para processar óleos pesados. Estima-se que haja depósitos de seis trilhões de barris, mas com altas concentrações de enxofre, nitrogênio, acidez e viscosidade. Por esse motivo, “o desenvolvimento de melhorias e a procura por alternativas mais baratas e eficientes para a remoção de contaminantes do petróleo vem sendo alvo de inúmeras pesquisas durante os últimos anos”, acrescenta Nathália.

Foi nesse sentido que a pesquisadora, então, fez o teste com os catalisadores sintetizados através de substâncias presentes nas garrafas PET, obtidos por meio de processos químicos nos laboratórios do CEFET-MG, na remoção de alguns contaminantes do petróleo de forma experimental e os resultados foram surpreendentes: alcançaram a marca de remoção acima de 92%, provando ser uma ótima forma “de ajudar, de maneira sustentável, o meio ambiente e de transformar a forma com que vemos e tratamos o lixo”, completa Nathália.

Para a realização e a conclusão dos experimentos, a pesquisadora contou com o apoio do Programa Institucional de Apoio à Pós-Graduação do CEFET-MG que, por meio de recursos próprios da Instituição, oferta bolsas de incentivo a pesquisadores de Mestrado e Doutorado.

Responsabilidade ambiental

A pesquisa de Mestrado, defendida no CEFET-MG, é apenas uma parte dos experimentos coordenados em um grupo de pesquisa da professora Raquel Mambrini, onde a busca por novos materiais para a descontaminação continua, de maneira responsável e conectada com as demandas da sociedade.

Os resultados dos experimentos, inclusive, têm sido animadores, não apenas na remoção de contaminantes de petróleo, mas também de corantes têxteis e fármacos. E tudo ao menor custo possível para o meio ambiente. “Acreditamos que encontrar um novo material que necessite de exploração de recursos naturais e processos caros de síntese não é favorável ambientalmente. Por isso buscamos a reutilização, através de algumas mudanças químicas e físicas, de materiais descartados”, pontua.

Curiosidades*

– O petróleo é uma mistura de substâncias de origem fóssil, oleosa e inflamável, de alto valor energético, com coloração que pode variar do incolor ao preto. A substância pode variar em composição química, fazendo com que seja necessário maior ou menor investimento em refino para transformá-la em produtos derivados, como gasolina, óleo diesel, querosene, asfaltos, solventes, lubrificantes, plásticos, entre outros.

– O PET chegou ao Brasil em 1988, utilizado, inicialmente, pela indústria têxtil. Somente a partir de 1993, passou a ter forte expressão no mercado de embalagens. Mais de 85% do peso desse material após o consumo consiste em ácido tereftálico, resíduo de grande interesse como reagente em pesquisas para síntese de novos materiais.

*Dados presentes na dissertação de Mestrado “Síntese e caracterização de MOFs à base de ácido tereftálico obtido através do PET e sua utilização na remoção de contaminantes do petróleo”, de Nathália Rodrigues de Oliveira.

Coordenação de Jornalismo e Conteúdo – SECOM/CEFET-MG