Dissertação analisa o reaproveitamento de couro da rã para produção de colágeno
Terça-feira, 2 de fevereiro de 2021
Última modificação: Terça-feira, 2 de fevereiro de 2021
Trabalho defendido no Programa de Pós-Graduação Multicêntrico em Química amplia possibilidades de uso de resíduos da rã-touro, descartados pela indústria alimentícia, extraindo o colágeno, indispensável para a indústria farmacêutica e de cosméticos
O colágeno é uma proteína importante para o nosso corpo. Por isso, é primordial para as indústrias de cosméticos, farmacêutica e de alimentos, além da medicina e da engenharia de tecidos, já que pode atuar tanto em questões estéticas, como na redução de sinais de envelhecimento da pele, quanto na promoção da saúde, como na reconstituição de tecidos no tratamento de queimaduras. Dissertação defendida no Programa de Pós-Graduação Multicêntrico em Química (PPGMQ) do CEFET-MG por Anna Karolina Vilela Freitas, sob orientação da professora Patrícia Patrício, desenvolve um método para a extração do colágeno a partir de resíduos da indústria de carnes da rã-touro.
A aplicação do colágeno é diversa e sua extração também. A maior parte da proteína é extraída do couro de bovinos e suínos, em virtude da grande produção de carnes desses animais. No entanto, o surto de doenças nesses mamíferos leva à necessidade de fontes alternativas para se obter o produto. No Brasil, são poucos os estudos sobre a extração da proteína nos anfíbios, já que o colágeno é sensível e pode sofrer alterações quando submetido a condições bruscas. Para preencher essa lacuna, foi criada a pesquisa “Desenvolvimento de método para a extração do colágeno a partir do resíduo da indústria de carnes de rã-touro e avaliação do produto para uso industrial”.
“A rã-touro é um animal que apresenta uma composição nutricional interessante. Além da carne, todo o resíduo da indústria de carnes de rã (vísceras, pele e patas), apresenta-se rico em proteínas. Mesmo assim, ainda são pouco estudados e, apesar de nobres, são descartados e destinados a compostagem”, explica Anna Karolina. Na pesquisa, o colágeno foi extraído da pele do animal por meio de uma reação química, e o resíduo, que seria descartado pela indústria de carnes, foi reaproveitado. O animal é nativo da América do Norte e, para a dissertação, foram usados os resíduos de pele dos anfíbios que são abatidos de forma humanitária pela indústria de carnes de rã Frigorã, localizada na cidade de Nova Era (MG). Para a pesquisa, Anna Karolina recebeu bolsa do CEFET-MG por seis meses.
“O colágeno de rã, assim como os demais colágenos presentes nas indústrias, pode ser utilizado para suplementação e cosméticos. Mas, além disso, ele apresenta características curativas, como, por exemplo, no tratamento de queimaduras”, enumera a pesquisadora. O estudo apresentou um rendimento elevado quando comparado às demais pesquisas para a obtenção de um colágeno límpido. “Essa característica é interessante tanto para a área de cosméticos quanto para a medicina. O colágeno bovino é escuro e necessita de um processo de filtração e clareamento para aplicação”, esclarece. A pesquisa também possibilitou, por meio de um único processo, a obtenção de dois tipos de produtos: colágeno em gel e em filme.
Os resultados mostram que, a partir da pele de rã-touro, é possível obter colágeno dos tipos hidrolisado e gelatina com características que são pré-requisitos importantes para aplicações em diversos setores industriais.
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Coordenação de Jornalismo e Conteúdo – SECOM/CEFET-MG